Não, habitualmente não falo dos meus receios. Quando algo corre mal - e quem me conhece bem sabe que é assim - não falo sobre o assunto. Guardo só para mim. Estúpido não é?
Com o tempo vou deixando de me importar com o que os outros pensam, e por isso nada melhor que expressar aqui os meus medos neste momento. Afinal, este espaço serve para isto mesmo, para retratar uma parte de mim, um momento de mim, que é tão desejado e importante. Um momento que surge e se mistura na minha vida. Em tudo o resto.
Tento encontrar os espaços certos para escrever as coisas certas. Pouco os encontro! Na minha cabeça as ideias baralham-se bastante, assim como os 'posts' nos diferentes blogs.
O parto? Qual é a perspectiva de um pré-pai sobre o parto? Cesariana ou parto normal? Pois para mim parece ser perfeitamente indiferente. Não quero expressar grande opinião sobre o assunto, porque na realidade, não penso muito na minha opinião sobre isso. É uma escolha, uma opção que não me é colocada. Aprendi a entendê-la pelos olhos da Bárbara, e isso parece fazer todo o sentido agora.
Ela já experimentou uma cesariana, e está disposta a tudo para tentar um parto normal. O que, às 39 semanas e uns dias, pode não ser fácil. Não faço ideia o que será melhor. Claro que racionalmente me parece de facto mais acertado o parto normal. Mas por outro lado um parto por cesariana parece-me conter menos riscos, ou menos surpresas, o que numa situação como esta parece-me bastante razoável. Claro que tenho noção que - quase sempre - a recuperação de uma cesariana é mais demorada e dolorosa. Pelo menos no caso da B. foi assim.
Aquilo que tenho de mais próximo, para imaginar, foi a minha operação ao apêndice! Vale o que vale.
Só queria que corresse tudo bem, claro.
Por aqui contam-se as luas, obtendo resposta por parte de todas as crenças possíveis e imaginárias, proferidas por todas as pessoas, das mais novas, às mais velhas. 11, 17, 25 de Julho. Acho que a seguinte é 2 de Agosto.
Hoje, é lua nova.
Hoje, apetece-me escrever.
Aqui.
Porque este espaço é um cantinho só meu, dedicado à minha filhota que está para chegar. Porque estas ansiedades fazem parte do momento, e pouco acabam por ter verdadeiramente a ver com a Mercedes. Este espaço não é só dela. Fala de mim, da Bárbara e da Madalena. Fala de tudo aquilo que dá sentido à chegada desta nova bebé!
Desta vez, e pela primeira vez, tenho oportunidade de assistir ao parto, ao nascimento da minha filhota. Serei a pessoa certa para estar ao lado da Bárbara? E ela, será que ela acha que eu sou a pessoa certa?
Lembro-me tantas vezes daquela história que vi, li, ou soube não sei como, de duas mulheres que estavam na maternidade para ter bebé. Apesar da dor ser uma coisa tão subjectiva, a verdade é que estas duas mulheres sofriam de modos muito diferentes.
Enquanto uma tinha algumas dores, enquanto o seu filho vinha ao mundo, a outra agonizava, gritava, sofria, até que o seu filho nasceu.
A primeira tinha ao seu lado o seu companheiro, que até podia não estar ali precisamente, mas que estava perto. Ela sentia-o perto. A outra estava sozinha, e essa solidão aumentava a sua dor. A dor que sentia não era apenas do parto, mas antes da vida, da solidão que sentia por não ter com quem partilhar aquele momento.
Penso nisto tantas, tantas vezes...
Sem encontrar sentido ao que penso.
Queria estar lá. Ser 'o tal'. Não pela Mercedes, não para ser o primeiro a vê-la, ou qualquer coisa assim. Não para cortar o cordão umbilical. Mas para estar ao lado da Bárbara. Queria que ela me sentisse apoiá-la. Queria que ela me sentisse amá-la, naquele instante. E só por isso já seria tão importante que fosse um parto normal.
Entretanto, e em paralelo, a B. não faz ideia do que escrevo aqui. É capaz de achar que escrevo pouco na sua 'agenda da grávida', pois da outra vez materializei lá algumas das coisas que fui sentindo. Algumas das coisas que foram acontecendo. De um modo mais concreto, mais objectivo talvez, do que aqui. Mas o espaço era muito mais reduzido!
Esta noite está tranquila, aqui. O céu está cheio de estrelas, como há muito não o via por aqui.
Chegou a lua nova! É isso. E o breu da noite preenche-se mais de estrelas. De sonhos. Dos meus sonhos. E nós continuamos à espera de ti!